O título que apresenta esse post é o slogan de 2013 do Festival de Música de Curitiba que começou no dia 09 de janeiro e termina na próxima terça, dia 29. Todos os estilos musicais, do clássico ao popular, embalaram esses vinte dias e isso é tão bacana que resolvemos falar um pouco do nosso acervo dentro desse assunto, para você ficar o ano todo respirando música pelas páginas dos livros.
A música como a literatura tem dois lados de uma mesma moeda. Assim como se admira os produtos de seus autores e as técnicas que dão forma, sempre há uma certa curiosidade sobre a vida dos homens e mulheres que criaram sonoridades que embalam tantas vidas. Do rock à música clássica não faltam boatos para os possíveis pactos dos Rolling Stones, as brigas dos Beatles, indo ao caso de Stravinsky e Chanel e a vida boêmia de Schubert, por exemplo.
Então vamos dar duas dicas bem interessantes para quem curte uma biografia. Uma é Sabbath Bloody Sabbath (Madras, 2012), de Joel Mclver que tenta nessa obra revelar todos os detalhes da história da banda de Birmighan, desde a mudança de membros, o superficialidade que Ozzy tratava todos que se relacionassem com a banda até as reuniões no decorrer dos anos e a morte de Dio em 2010. Ou ainda, o que melhor que o próprio músico escrevendo suas memórias? Esse é o caso de Bob Dylan: Crônicas Volume 1 (Planeta, 2005) em que ele relata não somente momentos cruciais da sua vida e obra mas também as festas, amores passageiros e amizades inabaláveis.
Outro lado dos livros sobre música, que também exploram bastidores, são os que são resultados de vastas pesquisas – em muitos casos participação pessoal nos eventos – em torno de um movimento ou época. É o caso por exemplo do ótimo Ponto Final (Companhia das Letras, 2010) do jornalista Mikail Gilmore. Vindo de uma criativa escola do jornalismo cultural americano, Gilmore constroi o perfil da geração dos anos 60 em ensaios publicados em 15 anos de trabalho. Personagens como Beatles, Bob Dylan, Phil Ochs, Johnny Cash, Jim Morrison, Grateful Dead, Leonard Cohen entre muitos outros são dissecados pelo escritor que consegue manter os dois pesos entre ídolos da música e loucos em busca de fuga através das drogas e álcool em verdadeiras crônicas da vida real. Provavelmente você irá se sentir andando pelas ruas de San Francisco, ouvido poemas de Allen Ginsberg e experimentações sonoras e lisérgicas do Grateful Dead.
Você pode preferir um livro mais abrangente e que leve o rock mais a sério. Nesse quesito temos o Rock and Roll: Uma história Social (Record, 2006), do historiador americano Paul Friendlander que trata o estilo como fenômeno sociológico comportamental contemporâneo. Ele oferece um quadro bem completo da história social do rock tratando desde o impacto social de novos grupos até a ramificação em estilos e constante mutação.
Já o ótimo e brasileiro O Som da Revolução: Uma história Cultural do Rock (1965-1969) (Civilização Brasileira, 2012) do jornalista e diplomata Rodrigo Merheb, que trata principalmente na força da contracultura na música nos últimos e decisivos anos entre 1965 e 1969. O autor traça um paralelo dos dois lados do Atlântico, o rock americano e o inglês que viviam o mesmo momento mas com abordagens diferentes. O livro trata dos principais aspectos estéticos e políticos que foram fundamentais para o rock feito nesse momento.
Mas aí quem curte correr fora do mainstream e gosta de um som mais underground tem o já cult e esgotado Rock Raro: O maravilhoso e desconhecido mundo do rock (Nova Expressão, 2010), do Wagner Xavier que trabalha com TI mas é um verdadeiro garimpeiro de sons raros. Ele fez um trabalho “básico” de juntar 352 bandas raras com respectivos discos e resenhou todos com seu próprio ponto de vista. Observando a foto ao lado você vê que ele não fez nenhum trabalho simples e você pode passar por aqui na Joaquim que o livro está disponível para consulta. No vídeo abaixo você também pode ter uma ideia das bandas que ele escolheu apresentando algumas em um programa de rádio.
Para quem gosta de se aventurar por vários estilos e entender os muitos movimentos da música brasileira, a coleção Todos os Cantos da ótima editora 34 é um pedido dos céus. Boa parte do material estava esgotado e vem sido reeditado aos poucos. Aqui você encontra o A Divina Comédia dos Mutantes, de Carlos Calado que também escreveu o Tropicália: História de uma revolução musical, os livros tratam da minuciosa pesquisa da banda e movimento norteadores de boa parte do que viria a ser o rock brasileiro. Ainda, não se focando apenas no centro-sul do país tem o Do Frevo ao Manguebeat, de José Teles que traça um panorama completo da rica música pernambucana e Vida do Viajante: A saga de Luiz Gonzaga, de Dominique Dreyfus uma francesa que escreve uma das mais completas biografias do compositor.
Mas a música é uma arte, é um signo de expressão acima de tudo e a coleção Signos Música da editora Perspectiva faz bem o trabalho de estudar a fundo o assunto. Você pode entender melhor o compositor em O Ofício do Compositor (Perspectiva, 2012), organizado pelo compositor e saxofonista Livio Tragtenberg que reúne vários compositores, músicos e pesquisadores de influências díspares para tratar do processos contemporâneo brasileiro de compor. Tragtenberg escreve também Música de Cena (Perspectiva, 2008) que trata especialmente da sua produção voltada ao teatro e de como se dá essa relação da música dentro da dramaturgia. Ainda, dessa coleção temos o Estética da Sonoridade: A Herança de Debussy na Música para piano do século XX (Perspectica, 2011), de Didier Guigue que trata particularmente da sonoriedade para piano assim como a evolução da escrita dessa, analisando as obras de vários compositores.
Tem ou não tem para todos os gostos? E além de todos esses livros provavelmente você irá encontrar uma ou outra beleza no meio destes na estante. Sem contar os vinis escolhidos a dedo por aqui. Se ficou interessado e quiser saber mais informações, nos mande um e-mail ou apareça por aqui, prometemos sempre ter um bom som tocando na vitrola!
Veja algumas raridades: